23/4, sexta-feira
Se o nosso chamado universal (que é o mesmo para todos nós) é para sermos livres, santos e semelhantes a Cristo, nosso chamado específico (que é diferente para cada um de nós) tem a ver com os detalhes altamente individuais das nossas vidas. Vejamos o ensinamento de Paulo:
1Co 7.20
Cada um deve permanecer na condição [vocação] em que foi chamado por Deus.
Percebe-se imediatamente que o apóstolo usa a ideia de “chamado” em dois sentidos distintos. As palavras “em que fostes chamados” referem-se à conversão da pessoa quando ouviu e obedeceu ao chamado universal de Deus. “A vocação” (“chamado”) em que ele estava, por sua vez, é uma referência ao seu chamado específico quando da época da conversão.
Essa situação, ou “vocação”, é vista como algo para o qual Deus nos “chamou”, algo que Deus “designou” para nós:
1Co 7.17
Entretanto, cada um continue vivendo na condição que o Senhor lhe designou e de acordo com o chamado de Deus. Esta é a minha ordem para todas as igrejas.
E o princípio geral que o apóstolo estabelece, repetindo-o três vezes,306 é que nós devemos “permanecer” nele.
1Co 7.24
Irmãos, cada um deve permanecer diante de Deus na condição em que foi chamado.
Ele dá três exemplos: nossa situação doméstica (casados ou solteiros), a situação cultural (judeus ou gentios) e a situação social (escravos ou livres).
Para compreendermos o ensinamento de Paulo, precisamos entender o pano de fundo e o contexto. Parece que para os convertidos coríntios a vida em Cristo era uma novidade tão grande (ser “nova criatura”) e emocionante, e tão radicalmente diferente do seu estado de não regenerados, que eles pensaram que nada que fizesse parte da sua antiga vida poderia ser conservado; tudo tinha de ser repudiado.
O casamento, por exemplo. Agora, que eles pertenciam a Cristo, como poderia uma obrigação contratual que antecedeu a conversão continuar válida após a conversão? Não seria tal relação “impura”? Paulo responde que não (1Co 7.14). E por que não?
Porque a providência de Deus abrange tanto a sua vida anterior como a vida posterior à conversão. Seu matrimônio, embora contraído antes de eles se tornarem cristãos, era parte do “chamado” em que se encontravam quando Deus os chamou. Portanto, eles não tinham nenhum direito de repudiá-lo. Transformá-lo pela graça de Deus, sim; rejeitá-lo, não.
Precisamos ter muito cuidado ao aplicarmos a nós mesmos este ensinamento. Paulo está formulando uma regra geral, não absoluta. Ele, por exemplo, tinha deixado de ser fariseu ao ser chamado para ser apóstolo de Cristo. Semelhantemente, os doze haviam desistido de pescar e recolher impostos quando foram chamados para ser apóstolos. E Paulo diz aqui que se um escravo tem alguma possibilidade de ganhar a sua liberdade, deveria fazê-lo (1Co 7.21). Também temos de estar abertos para a possibilidade de Deus nos estar chamando para fazer algo diferente. O que Paulo estava fazendo era reagindo a decisões impensadas e precipitadas, a mudar só por mudar, e especialmente à ideia de que nada ocorrido antes da conversão e nada além da religião tem valor para Deus.
Toda a nossa vida pertence a Deus
Certamente não deveríamos usar o que a Bíblia ensina acerca dos “chamados” para fazer resistência a mudanças pessoais e sociais.
O princípio em que devemos nos firmar hoje e que foi ensinado por Paulo é o seguinte:
Toda a nossa vida, tanto anterior à conversão como fora da religião, pertence a Deus e faz parte do seu chamado. Não devemos pensar que Deus só passou a se interessar por nós depois que nos convertemos, ou que agora ele só está interessado no cantinho religioso das nossas vidas.
Nossa vida antes da conversão
Consideremos a nossa vida antes da conversão. Qual era o nosso chamado, a vida que vivíamos quando Deus nos chamou?
- Se na ocasião da nossa conversão estávamos tomando conta de parentes idosos, não deveríamos abandoná-los agora.
- Se éramos estudantes, não temos o direito de abdicar de nossos estudos e abandonar o colégio ou a universidade.
- Se havíamos feito um acordo com alguém, não temos o direito de rompê-lo.
- Se, quando Deus nos chamou, éramos músicos, artistas, atletas ou intelectuais, não devemos agora repudiar essas boas coisas que o bom Criador nos deu.
Essas coisas em nossas vidas não aconteceram por acidente, mas como parte integrante da providência de Deus, para a qual ele nos havia chamado e que ele havia designado para nós.
A soberania de Deus abrange os dois tempos da nossa vida. Ele não começou a agir em nós e através de nós a partir da nossa conversão.
Deus age em nossas vidas antes de nascermos, em nossa herança genética, e mais tarde, atua em nosso temperamento, personalidade, educação e habilidades.
O que Deus fez de nós e nos deu antes de nos tornarmos cristãos, ele redime, santifica e transforma depois disso.
Existe uma continuidade vital entre a nossa vida antes e depois de convertidos. Afinal de contas, embora sejamos hoje uma nova pessoa em Cristo, nós ainda somos a mesma pessoa que éramos por criação e que se fez nova em Cristo.
Nossa vida fora da religião
Agora vejamos a nossa vida fora da religião. O Deus que muitos de nós adoramos é religioso demais.
Aparentemente, nós achamos que ele só se interessa por livros, edifícios e cerimônias religiosas. Mas não é bem assim. Ele se preocupa conosco, nosso lar, nossa família e amigos, nosso trabalho e lazer, nossa cidadania e comunidade.
Assim a soberania de Deus estende-se a ambos os lados e a todas as áreas da nossa vida.
Não devemos marginalizar Deus, ou tentar espremê-lo para fora da nossa vida não religiosa.
Lembremos que a nossa vocação (i.e. o chamado de Deus) inclui todas estas coisas. É nelas que vamos servir e glorificar a Deus.
ORE:
- Para compreender e seguir a vocação de Deus em sua vida;
- Para ter uma maior comunhão com Cristo;
- Para render-me à soberania de Deus em toda a minha vida.
ORE POR:
- Sandra Virgínio e Família;
- Pr Bertrant e Aldecy (IEB Varadouro);
- Miss. Cleyson de Oliveira Santos – Radical Cristolandia;
- Miss. Terezinha Aparecida de Lima Candieiro – Brasil;
- Igreja Batista em Lerolândia;
- Pessoas com Cegueira;
- Vereadores
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